quarta-feira, 11 de novembro de 2015

NIRVANA PARAMOUNT ’91: Análise completa do show

Dia 31 de outubro de 1991, a manchete do New York Times informava da existência de um relatório que confirmava a presença de armas nucleares no Irã. Era o auge da Guerra do Golfo. Do outro lado dos Estados Unidos, o Nirvana chegava pela manhã em Seattle para fechar a turnê de lançamento do disco Nevermind, que até aquele momento já havia vendido meio milhão de cópias e recebera disco de ouro. Mesmo com o início do sucesso, Kurt Cobain saiu com sua amiga Carrie Montgomery para comprar meias! Ele selecionou uma boa quantia de meias brancas e cuecas samba-canção e na hora de pagar, tirou os tênis e começou a recolher notas cheias de fiapos de tecido. Até aquele momento, Kurt também não tinha um lugar para dormir, já que passava o tempo em hotéis e na casa de amigos. Para o show da noite, Kurt convidara o Bikini Kill para ser a banda de abertura, banda de Tobi Vail, uma ex-namorada de Cobain. Era irônico, afinal, Tobi foi influência para diversas letras do Nevermid, em que claramente é visível um Cobain fragilizado pelo término do relacionamento entre os dois. Além disso, ele convenceu Ian Dickson e Nikki McClure para participarem como dançarinos o show inteiro, claro, eles foram amplamente ignorados pelos câmeras que gravavam o show. Kurt se irritou com essa atitude, o que alterou toda a sua performance durante a noite. Mesmo assim, o show foi incrível! Com a frase de Cobain: “essa música é de uma banda chama The Vaselines, eles são de Edimburgo, Escócia e são muito punks”, a banda iniciou com uma versão amplificada de “Jesus Want’s Me For A Sunbeam”. “Aneurysm” vem na sequência, uma das melhores versões ao vivo, da canção sobre heroína que é um tiro na cara quando era utilizada nas aberturas dos shows do Nirvana. Seu verso calmo e as marteladas de Dave Grohl na bateria mostram que o show realmente começou, e que vai ser bom. O setlist mantém o padrão da turnê de 91, com a sequêncua de “Drain You”, “School” e “Floyd, The Barber”. A música a seguir é a que realmente chama a atenção. Com Krist Novoselic dizendo que meninos brancos funks são um lixo, os acordes iniciais de “Smells Like Teen Spirit” ecoam por todo o lugar, o público grita insanamente. É a primeira vez que a música é tocada em Seattle depois do lançamento do disco. A banda está muito afinada e a canção ganha força a cada segundo em que é executada. Os gritos de Cobain no refrão estão fortes, mesmo após uma turnê inteira. Acho que ele sentia o mesmo quando apresentou a música aos companheiros de banda meses antes, porém agora, apresentava aos seus amigos e companheiros de movimento grunge. O setlist é muito bem montado, com a sequência de “About A Girl”, “Polly” e “Breed” (presentes no Live! Tonight! Sold Out!) e “Sliver”. Em seguida, as notas iniciais do baixo de Novoselic puxam “Love Buzz” (primeiro single lançado pela banda em 88), o público vai à loucura e canta junto. A canção, dominada pelas microfonias da guitarra de Cobain, é uma explosão de energia de pouco mais de 3 minutos. Kurt faz o inferno em sua Fender Jaguar durante o barulhento solo. Uma das melhores versões ao vivo desse cover do Shocking Blue. A bela “Lithium” mantém o público cantando junto (várias imagens desse show podem ser visto no clipe da mesma música), seguida pelo peso das canções afinadas em D: “Been A Son”, “Negative Creep” (versão do From The Muddy…), “On A Plain” (excelente versão) e “Blew”, faixa de abertura do primeiro disco da banda, Bleach, e que encerrou os shows da banda até 1993. A banda sai do palco e volta para o bis com uma surpresa, pela primeira vez ela tocaria “Rape Me”. A polêmica canção só saiu em 1993, no (melhor disco de todos os tempo) In Utero, porém fez parte de vários setlists até o seu lançamento oficial. “Territorial Pissings”, já com uma voz falha de Cobain encerra um dos melhores shows da banda de 1991. Em seguida, outra surpresa, antes do famoso quebra-quebra de instrumentos, a banda toca ”Endless, Nameless”, faixa secreta do álbum Nevermind. E falando da destruição final, ela é sensacional! Kurt gira inúmeras vezes sua guitarra no ar, a enfia em um ventilador e joga para cima, no final, braço de um lado e corpo da guitarra para outroa. Krist ainda tem energia para rebatê-la com seu baixo improvisando um taco de beisebol, enquanto que Dave Grohl executa as batidas finais em sua bateria. Era o final de um dos melhores shows do Nirvana. Após o show, Kurt encontra amigos e sua irmã Kim. Ele ainda passaria a noite com sua ex-namorada Tobi Vail, deitados em um quarto de hotel, junto com mais meia dúzia de pessoas. Ainda depois do show, Kurt encontrou um amigo de infância, Steve Shillinger, filho de uma família que abrigou Kurt por alguns meses em sua adolescência. Steve disse: “Agora, você realmente é famoso. Você está na TV, a cada 3 horas!”. Kurt respondeu: “Realmente, eu não notei. Eu não tenho televisão no carro onde moro”.

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